A primeira visita ao Médico Dentista deve ser feita quando aparecer o primeiro dente, ou então, nunca depois do 1º ano de idade da criança. Esta consulta serve para dar indicações aos pais de todos os hábitos de higiene e alimentação que a criança deve ter e ambientar a criança ao consultório dentário e ao Odontopediatra.

Serve também para fazer a detecção de hábitos nocivos (uso de chupeta, biberão, sucção digital, etc.), e planear uma forma de ação para a sua alteração.

Esta visita precoce tornará a criança mais colaborante e tranquila.

Para se formar como Odontopediatra, um Médico Dentista necessita de 2 anos de estudo intensivo após terminar a licenciatura em Medicina Dentária.

Por ser especializado no tratamento de crianças e adolescentes, o Odontopediatra consegue com mais eficácia criar um ambiente de confiança e empatia com o paciente, obtendo quase sempre a colaboração da criança, que assim perde os receios e medos relacionados com a consulta do Dentista.

Antes de nascer o primeiro dente, deve limpar a boca e as gengivas do bebé com uma gaze humedecida, ou usando uma dedeira específica para essa função, que poderá encontrar na farmácia.

Desde que nasce o primeiro dente a higienização da cavidade oral do bebé deve ser efectuada com uma escova de dentes com cerdas macias e tamanho e forma adequada à cavidade oral da criança.

Numa fase inicial, e na impossibilidade de efectuar mais que uma escovagem por dia, deve ser efectuada uma escovagem de noite, após o último biberão. No entanto, o ideal seria escovar no mínimo duas vezes por dia (sempre após as refeições).

A mais importante regra a ter em consideração quando se escolhe uma pasta de dentes para crianças é que esta deve possuir flúor. A quantidade de flúor das pastas de dentes está dividida em duas categorias:

Pastas com baixo teor de flúor (250-500 ppm de flúor);

Pastas com teor de flúor normal para adultos (1000-1500 ppm de flúor)

Esta informação está sempre descrita no tubo de pasta ou na sua embalagem.

É esperado da criança que esta rejeite os restos de pasta que permanecem na boca no final da escovagem e não engoli-los. No entanto se engolir e a quantidade de pasta utilizada for a correcta, não haverá problemas. Nas crianças que engolem muita pasta, é melhor optar por pasta com uma redução da quantidade de flúor, entre 250-500 ppm.

Nas crianças que conseguem controlar esse factor, desde o 1º dente está recomendado o uso de pasta com quantidade de flúor igual à utilizada pelos adultos (1000-1500 ppm).

A quantidade de pasta a colocar na escova de uma criança até aos 6 anos deve ser igual ao tamanho da unha do dedo mindinho da criança (e portanto, muito menor numa criança de 1-2 anos que numa de 5 anos). Nas de 6 anos e mais – aplicar cerca de 1 cm de pasta.

De acordo com a Direcção Geral de Saúde, até aos 3 anos de idade não está indicado o uso de gotas de flúor sistémico.

A partir dessa idade, em crianças com alto risco de cárie (uma situação que deve ser avaliada pelo Odontopediatra), pode utilizar-se o flúor em gotas ou comprimidos ao deitar.

Os dentes decíduos são extremamente importantes na mastigação, fonética, estética, deglutição e respiração, mas uma das suas funções mais importantes é manter o espaço e servirem de guia para os dentes definitivos poderem erupcionar correctamente.

O não tratamento destes dentes pode levar ao aparecimento de dor, desconforto e infeção dentária. Vários estudos comprovam que as crianças que apresentam cáries apresentam uma diminuição na performance escolar porque a dor diminui a concentração. Ainda também apresentam relações sociais mais pobres e consequentemente menor grau de sucesso mais tarde nas suas vidas.

A perda prematura dos dentes decíduos pode ainda dificultar/alterar o adequado desenvolvimento dos maxilares e da dentição.

Nunca devemos esquecer que os últimos dentes decíduos apenas esfoliam por volta dos 11-12 anos, pelo que devem realizar as suas funções até essa idade.

O biberão deve ser eliminado entre os 12-14 meses, mudando para copo o mais cedo possível.

O uso de chupeta é normal nas crianças pequenas, mas depois dos 3 – 4 anos pode dar origem a má-posição dentária e deformação dos maxilares, pelo que deve ser eliminada logo que a criança chegue a essa idade.

O dedo é um hábito mais difícil de combater, havendo imensas técnicas mas todas com limitações e dependentes do grau de compreensão da criança.

O Odontopediatra pode identificar a necessidade de abandono desses hábitos, e instruir os pais sobre como ajudarem os filhos a modificarem estes comportamentos nocivos.

Em primeiro lugar, através de regras de alimentação, principalmente no que diz respeito ao consumo de alimentos contendo açúcares.

Depois, através da aplicação de regras de higiene oral cuidadosas, como uso de fio dentário, escovagem com pasta de dentes com flúor e bochechos com colutórios fluoretados.

Também a aplicação de selantes de fissura ajuda a evitar o aparecimento de cáries dentárias nos sulcos dos dentes molares.

A escovagem dos dentes molares nas suas superfícies mastigatórias nunca é 100% eficaz, uma vez que as cerdas da escova não conseguem chegar mesmo até ao fundo dos sulcos existentes.

Os selantes de fissura preenchem essas fendas/fissuras dos molares, impedindo que restos alimentares fiquem presos nos dentes, e desse modo evitando o aparecimento de cáries dentárias nessas zonas.

São fáceis e rápidos de aplicar, podendo durar vários anos. Devem ser aplicados logo que o dente tenha toda a sua face mastigatória erupcionada.

Entre os 5-8 anos de idade inicia-se a fase de mudança de dentes. Os pais reparam nessa mudança logo que caiem os incisivos centrais inferiores, por volta dos 6 anos de idade. Muitas vezes é motivo de visita ao Odontopediatra a troca destes dentes, uma vez que em muitos casos os incisivos definitivos começam a nascer sem que os dentes de leite já tenham caído. Nessas situações, mediante a avaliação do Odontopediatra, poderá ser necessário extrair os dentes de leite para permitir o posterior reposicionamento correcto dos dentes definitivos.

Os primeiros molares definitivos nascem atrás do último molar de leite mais ou menos na mesma altura, não implicando a queda de nenhum dente temporário. A sua erupção pode passar despercebida aos pais e confundi-los, levando-os a acreditar que esse dente ainda irá ser substituído. Por esse motivo, este é o dente definitivo que mais vezes surge cariado, e também por isso é tão importante aplicar o selante de fissura logo que ele esteja completamente descoberto de gengiva.